quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Dia Mundial da Filosofia 2018


Pensar a Paz e a Guerra
De forma a dar continuidade a uma experiência de celebração deste Dia Mundial, o Departamento de Filosofia do Agrupamento de Escolas Emídio Navarro, escolheu o tema Guerra e Paz. O tema foi escolhido por envolver valores em contraponto, valores que importa avaliar e explorar para um melhor entendimento do mundo em que os alunos vivem. Por outro lado, se a paz é um dos valores de referência da escola e desta em particular por ser um Centro UNESCO, a guerra não pode ser esquecida, nem podemos e não conseguimos, por muito grandes que sejam os esforços dos filósofos ao longo do tempo por enfatizar argumentativamente a importância de valores, como a tolerância e o respeito pelo outro e a sua consideração como pessoa e como ser singular e cultural, , esquecer o mal que resulta da guerra.
Este ano escolhemos o tema e também o apresentámos como tema-problema às crianças do nosso Agrupamento. A partir do belo poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, A Paz sem Vencedor e sem Vencidos, pedimos uma reflexão sobre os dois valores: guerra e paz. Como tarefa final, pedimos que cada uma contribuísse para a construção de um poema. O resultado final é surpreendente. Os versos são da responsabilidade dos alunos de uma turma do 3.º ano, a turma A, da Escola dos Caranguejais, ou mais corretamente da Escola EB n.º 3 da Cova da Piedade. O que não é da responsabilidade dos alunos é o arranjo dos versos que se organizaram segundo um princípio de semelhança temática entre os mesmos à medida que os alunos construíam o poema em voz alta.
Ao lê-lo, não podemos deixar de sentir que há na voz do pensamento inocente aquela velha ideia da Filosofia que nos diz que o bem é inato e está no coração dos homens, que o bem está no âmago da vida e é primeiro e mais primordial do que o mal. Mas a questão que mais perturba é pensar como pode uma criança sentir isto, saber isto com o entusiasmo de um grito que não se pode silenciar, e os adultos não o gritarem nem construírem uma narrativa consistente da paz na História da Humanidade. Mais do que palavras e argumentos, e porque a poesia foi no Ocidente a primeira forma consistente de pensar e deixar um legado ao futuro, deixamos à consideração de todos e ao coração dos homens este poema realizado por crianças de 8 anos de dedo no ar como um manifesto, com a força de quem acredita que os gestos humanos podem ter uma dimensão universal.
Resposta a Sophia
Não se matem!
Não vão à guerra!
Não se tornem assassinos!
Não façam o mal!
Não usem armas!
Não façam a violência!
Não pratiquem terrorismo
Não matem e
Não culpem inocentes!
Não se destruam uns aos outros!
Não destruam os sonhos dos outros!


Na guerra há horror e morte, há escravos e império!
Há sangue!
Não há liberdade e não há justiça!


Ninguém é melhor do que ninguém!
Ajuda por isso o teu amigo e inimigo!

Façam a paz!
Façam a bondade!
Respeitem todos:
A cultura das pessoas e dos lugares!
Amem-se uns aos outros:
Espalhem carinho
Como quem espalha pólen!
Façam crescer a amizade como se faz crescer o bicho-da-seda:
Começa pequenina e acaba grande!
A paz é como a onda gigante
Que a todos acolhe no mesmo mar!
A paz liberta o nosso coração!
Construam a paz!
Esta é uma ordem para todos os homens e para todas as mulheres!
Com a paz a vida fica melhor!
A paz é a ética!

Turma A do 3.º ano
8 de novembro de 2018
A Coordenadora UNESCO
Isabel Santiago


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