segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Dia Internacional dos Direitos Humanos - Divulgação da Mensagem da Diretora-Geral da UNESCO






Mensagem da Diretora-Geral da UNESCO



A Declaração Universal dos Direitos Humanos encarna a eterna aspiração da humanidade à liberdade, à justiça e à dignidade. Não é fruto de uma única cultura ou tradição, mas antes um alicerce que nos permite usufruir de uma vida plena, e a todas as nações do mundo viver em paz. Há 70 anos, as nações do mundo uniram-se para definir este conjunto de direitos humanos fundamentais, inalienáveis e universais.
A promessa inscrita no Ato Constitutivo da UNESCO de “assegurar a todos os homens o pleno e igual acesso à educação, a procura sem restrições da verdade objetiva e a livre troca de ideias e de conhecimentos” assenta nestes direitos. A nossa missão consiste em promover a paz e os valores humanistas no espírito dos homens e das mulheres através da educação, das ciências, da comunicação e da cultura. Esta missão é tão importante na atualidade como na época em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela comunidade internacional, numa altura em que o mundo se reconstruia a partir dos destroços e do trauma de duas guerras mundiais devastadoras.
A nossa ação visa alargar o direito à educação àqueles que foram deixados para trás, em particular as mulheres e as raparigas. Num momento em que o mundo se prepara para adotar dois novos pactos mundiais em prol dos direitos dos refugiados e dos migrantes, a UNESCO envida igualmente esforços para alargar as possibilidades educativas a essas populações.
Defendemos o direito à liberdade de expressão, denunciando os ataques perpetuados contra jornalistas e agindo para que a Internet continue a ser um espaço de diálogo aberto. Todos os indivíduos deveriam poder usufruir dos benefícios do progresso científico e das suas aplicações. O direito à água e ao saneamento, assim como a um oceano limpo que preserve os meios de subsistência, é de extrema importância para os direitos humanos e faz parte das nossas prioridades. A UNESCO compromete-se também a proteger e a promover a liberdade cultural fundamental, nosso património comum, assim como todas as formas contemporâneas de expressão, que constituem a manifestação suprema da nossa humanidade comum.
Infelizmente, uma vez mais na nossa História, os direitos humanos encontram-se em perigo. No mundo inteiro, é possível ver o quão facilmente podem ser derrubados por estereótipos desumanizantes e pelo aumento dos discursos intolerantes. Os conflitos, o extremismo violento e os desastres naturais podem semear o caos e pôr em risco os direitos das pessoas mais vulneráveis das nossas sociedades. As novas tecnologias, nomeadamente a inteligência artificial, também podem representar um perigo se não forem concebidas no pleno respeito dos direitos humanos. Temos que permanecer vigilantes para que os progressos realizados nos últimos 70 anos não sejam postos em causa, e fazer com que a UNESCO continue a ser o principal laboratório internacional de ideias para enfrentar estes desafios.
Eleanor Roosevelt, uma das principais autoras da Declaração Universal dos Direitos Humanos, declarava: “Ser humano não é apenas um direito, é um dever. Só assim poderemos contribuir de forma útil para a vida.” Neste importante aniversário, exerçamos todos este direito contribuindo assim para a realização dos direitos humanos para todos.

Audrey Azoulay

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Dia Mundial da Filosofia 2018


Pensar a Paz e a Guerra
De forma a dar continuidade a uma experiência de celebração deste Dia Mundial, o Departamento de Filosofia do Agrupamento de Escolas Emídio Navarro, escolheu o tema Guerra e Paz. O tema foi escolhido por envolver valores em contraponto, valores que importa avaliar e explorar para um melhor entendimento do mundo em que os alunos vivem. Por outro lado, se a paz é um dos valores de referência da escola e desta em particular por ser um Centro UNESCO, a guerra não pode ser esquecida, nem podemos e não conseguimos, por muito grandes que sejam os esforços dos filósofos ao longo do tempo por enfatizar argumentativamente a importância de valores, como a tolerância e o respeito pelo outro e a sua consideração como pessoa e como ser singular e cultural, , esquecer o mal que resulta da guerra.
Este ano escolhemos o tema e também o apresentámos como tema-problema às crianças do nosso Agrupamento. A partir do belo poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, A Paz sem Vencedor e sem Vencidos, pedimos uma reflexão sobre os dois valores: guerra e paz. Como tarefa final, pedimos que cada uma contribuísse para a construção de um poema. O resultado final é surpreendente. Os versos são da responsabilidade dos alunos de uma turma do 3.º ano, a turma A, da Escola dos Caranguejais, ou mais corretamente da Escola EB n.º 3 da Cova da Piedade. O que não é da responsabilidade dos alunos é o arranjo dos versos que se organizaram segundo um princípio de semelhança temática entre os mesmos à medida que os alunos construíam o poema em voz alta.
Ao lê-lo, não podemos deixar de sentir que há na voz do pensamento inocente aquela velha ideia da Filosofia que nos diz que o bem é inato e está no coração dos homens, que o bem está no âmago da vida e é primeiro e mais primordial do que o mal. Mas a questão que mais perturba é pensar como pode uma criança sentir isto, saber isto com o entusiasmo de um grito que não se pode silenciar, e os adultos não o gritarem nem construírem uma narrativa consistente da paz na História da Humanidade. Mais do que palavras e argumentos, e porque a poesia foi no Ocidente a primeira forma consistente de pensar e deixar um legado ao futuro, deixamos à consideração de todos e ao coração dos homens este poema realizado por crianças de 8 anos de dedo no ar como um manifesto, com a força de quem acredita que os gestos humanos podem ter uma dimensão universal.
Resposta a Sophia
Não se matem!
Não vão à guerra!
Não se tornem assassinos!
Não façam o mal!
Não usem armas!
Não façam a violência!
Não pratiquem terrorismo
Não matem e
Não culpem inocentes!
Não se destruam uns aos outros!
Não destruam os sonhos dos outros!


Na guerra há horror e morte, há escravos e império!
Há sangue!
Não há liberdade e não há justiça!


Ninguém é melhor do que ninguém!
Ajuda por isso o teu amigo e inimigo!

Façam a paz!
Façam a bondade!
Respeitem todos:
A cultura das pessoas e dos lugares!
Amem-se uns aos outros:
Espalhem carinho
Como quem espalha pólen!
Façam crescer a amizade como se faz crescer o bicho-da-seda:
Começa pequenina e acaba grande!
A paz é como a onda gigante
Que a todos acolhe no mesmo mar!
A paz liberta o nosso coração!
Construam a paz!
Esta é uma ordem para todos os homens e para todas as mulheres!
Com a paz a vida fica melhor!
A paz é a ética!

Turma A do 3.º ano
8 de novembro de 2018
A Coordenadora UNESCO
Isabel Santiago


quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Divulgação da Mensagem da Diretora-Geral da UNESCO por ocasião do Dia Mundial da Filosofia

dia mundial da filosofia 2018 ultima

A filosofia alimenta-se da necessidade que o ser humano tem de compreender o mundo que o rodeia e de identificar princípios para orientar a sua ação. Esta necessidade ancestral continua a ser premente: cerca de 3000 anos após o aparecimento desta disciplina na China, no Médio-Oriente e na Grécia Antiga, os questionamentos levantados pela filosofia não perderam em nada a sua pertinência e a sua universalidade – muito pelo contrário.
Num mundo cada vez mais complexo, onde reina a incerteza, onde as evoluções sociais e as revoluções tecnológicas confundem as referências estabelecidas, onde os desafios sociais e políticos são imensos, a filosofia continua a ser um recurso extremamente valioso. É simultaneamente um espaço de retiro e desaceleração e uma luz suscetível de nos orientar.
A filosofia ajuda-nos a superar a tirania do instante e a analisar os desafios que se nos colocam com o necessário distanciamento histórico e rigor intelectual. Dá-nos as chaves da interpretação e sintetiza, numa linguagem acessível, saberes fragmentados numa infinidade de áreas: a biologia, a genética, a informática, as ciências cognitivas, o direito, a economia, as ciências políticas… Além destes conhecimentos especializados, permite entender os desafios claramente humanos, os desafios de sentido, de norma.
A filosofia também nos ajuda a refletir, precisamente, sobre as normas que sustentam a nossa vida coletiva: ao levantar questões de justiça, de paz, de ética, de moral. Estas questões são particularmente relevantes na sociedade atual, onde os progressos alcançados no domínio da inteligência artificial parecem redefinir as fronteiras do humano.
Por fim, a filosofia implica uma abordagem e uma atitude específicas: a abertura ao diálogo e ao intercâmbio de argumentos, a predisposição para acolher o que parece estranho e diferente, a coragem intelectual de questionar os estereótipos e de desconstruir os dogmatismos.
Por todas estas razões, a filosofia é um recurso indispensável para aprendermos a viver juntos e para todas as sociedades livres e pluralistas – ou que aspiram a sê-lo.
A UNESCO, cujo mandato está em consonância com a vocação universalista da filosofia, sempre atribuiu uma atenção particular a esta disciplina. Por este motivo, a nossa Organização tem a honra de celebrar, uma vez mais, na sua Sede, em Paris, nos dias 15 e 16 de novembro, o Dia Mundial da Filosofia. Worshops, mesas redondas e conferências irão animar uma noite e dois dias excecionais durante os quais os amantes de filosofia, de todas as idades e contextos culturais, poderão explorar todo o tipo de assuntos e desfrutar do debate de ideias e da reflexão.
Neste Dia Mundial da Filosofia, que a célebre frase de Sócrates – “Só sei que nada sei” – nos incite a avançar alguns passos juntos na vertiginosa imensidão do conhecimento.

Audrey Azoulay

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Divulgação da Mensagem conjunta UNESCO para o Dia Mundial do Professor

dia mundial professor
Mensagem conjunta de Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO, Guy Ryder, Diretor-Geral da Organização Internacional do Trabalho, Henrietta H. Fore, Diretora Executiva da UNICEF, Achim Steiner, Administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e David Edwards, Secretário-geral da Internacional da Educação
“O Direito à educação também é o direito a um professor qualificado”
 A educação é um direito humano fundamental e um bem público. Transforma vidas ao contribuir  para o desenvolvimento económico e social. Promove a paz, a tolerância e a inclusão social. Desempenha um papel fundamental na erradicação da pobreza. Permite às crianças e aos jovens alcançar o seu potencial.
No entanto, em muitos lugares, as crianças são privadas do seu direito à educação devido a uma penúria mundial de professores qualificados e experientes, em particular de professoras, nos países de baixo rendimento. Apesar de um aumento global do acesso à educação, mais de 263 milhões de crianças e jovens no mundo não frequentam a escola Pelo menos 617 milhões de crianças e adolescentes – cerca de 60% à escala mundial – não dominam a leitura nem o cálculo. As crianças mais pobres e mais marginalizadas, nomeadamente aquelas que vivem em zonas de conflitos, são as mais expostas ao risco de não frequentar a escola ou, mesmo sendo escolarizadas, de aprender muito pouco.
 A Agenda 2030, com a qual a comunidade internacional se comprometeu tem como objetivo a educação para todos, do ensino pré-primário ao ensino secundário. Para alcançar este objetivo, temos de alargar a cada criança e a cada jovem o acesso a uma educação de qualidade ,acabando assim com a discriminação a todos os níveis do sistema educativo e melhorando consideravelmente a qualidade da educação e os resultados da aprendizagem. Estes objetivos exigem, por sua vez, o aumento da oferta mundial de professores qualificados – mais 69 milhões, segundo as estimativas.
Este ano, o tema do Dia Mundial do Professor – “O direito à educação também é o direito a um professor qualificado” – reflete esta realidade. Faz-se igualmente  eco  à Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada há 70 anos, que reconheceu a educação como um direito fundamental. Hoje em dia, relembramos aos governos e à comunidade internacional a importância de proteger esse direito ao investir num corpo docente forte, em particular nos países afetados por conflitos. De forma a garantir que todas as crianças estejam preparadas para aprender e ocupar o seu lugar na sociedade, os professores devem receber uma formação e um apoio eficazes, que lhes permitam responder às necessidades de todos os alunos, inclusive às dos mais marginalizados.
No entanto, a falta de professores põe em causa os esforços desenvolvidos para alcançar uma educação equitativa, inclusiva e de qualidade para todos – especialmente nos países assolados pela pobreza generalizada e por crises prolongadas, e nas regiões onde a população jovem está a aumentar rapidamente. Para responder à procura de novos professores, as autoridades responsáveis pela educação contratam frequentemente pessoas que detêm pouca ou nenhuma formação ou reduzem até os requisitos de qualificação. É inclusive pedido a alguns professores que ensinem matérias para as quais não receberam qualquer formação pedagógica. Nos países de baixo rendimento, fazer face à falta de professores significou aumentar drasticamente a dimensão das turmas, o que teve efeitos devastadores na qualidade do ensino e na carga horária dos professores.
Por conseguinte, as crianças mais marginalizadas e excluídas têm tendência a ser ensinadas pelos professores menos experientes, por vezes até em situação de contrato temporário, e sem qualquer formação inicial ou contínua. Os professores dispostos a trabalhar em situações de emergência ou de crise não são formados para responder às necessidades complexas das crianças vulneráveis, em particular, das meninas que foram forçadas a fugir das suas casas devido a conflitos armados, violências ou desastres naturais.
Embora seja amplamente reconhecido que os professores desempenham um papel determinante numa educação de qualidade para todos, o ensino é ainda desvalorizado, por muitos. O baixo prestígio desta profissão é um obstáculo aos esforços desenvolvidos para contratar e manter os professores, tanto nos países ricos como nos países pobres. Para responder a esta situação, os governos e os parceiros da educação devem tomar medidas dinâmicas com vista à melhoraria da qualidade da formação inicial e contínua dos professores. Estes devem receber uma formação inicial de qualidade, beneficiar de uma integração eficaz na profissão e dispor da possibilidade de aperfeiçoar as suas competências ao longo da sua carreira. Ao mesmo tempo, é preciso mostrar à população que o ensino é uma profissão valiosa ao garantir aos professores salários decentes e ao melhor as suas condições de trabalho a todos os níveis do sistema educativo.
Neste Dia Mundial do Professor, enquanto celebramos o papel importante que os professores desempenham na melhoria da vida das crianças e dos jovens, reafirmamos o nosso compromisso em aumentar a oferta de professores qualificados em todo o mundo. Incentivamos todos os governos e a comunidade internacional a juntarem-se a nós neste desígnio, para que todas as crianças e todos os jovens, independentemente da sua situação, possam exercer o seu direito a uma educação de qualidade e a um futuro melhor.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Divulgação da Mensagem da Diretora-Geral da UNESCO - Dia Internacional da Paz


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“Não haverá paz neste planeta enquanto, algures no mundo, os direitos humanos forem violados.”

Neste Dia Internacional da Paz, as palavras de René Cassin, um dos artesãos da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, relembram-nos que a paz continua a ser um ideal inalcançável enquanto os direitos humanos fundamentais não forem respeitados. São, pois, a condição primordial de uma sociedade pacífica em que a dignidade de todos os indivíduos é respeitada e onde todos podem usufruir de direitos iguais e inalienáveis.

Estas palavras também nos relembram do nosso dever de solidariedade para com os nossos semelhantes; a paz é imperfeita e frágil se não beneficiar a todos e a todas. Os direitos humanos ou são universais ou não são. Esta ligação intrínseca entre paz e respeito pelos direitos fundamentais constitui o tema desta nova edição do Dia Internacional da Paz, no momento em que se celebra o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Os ideais de paz e de direitos universais são, todos os dias, contestados e violados. Existem vários obstáculos para a sua realização. A nossa capacidade em edificarmos um mundo feito de harmonia, de compreensão e de coexistência pacífica é posta à prova pelos mais diversos desafios: desigualdades sociais e económicas que causam sofrimento e pobreza; alterações climáticas que geram novos conflitos; explosão demográfica que cria novas tensões… Por outro lado, propagam-se também novas formas de populismo e de extremismo em todo o mundo.

Para vencermos estes desafios, temos de agir de forma coletiva e construir, passo a passo, o edifício da paz. Este é o objetivo do Programa da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que apela a uma ação concertada para alcançarmos os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, que contribuem para um mundo mais justo e mais pacífico – luta contra a pobreza, contra a fome, contra as desigualdades de género, promoção da educação, defesa da justiça, compromisso em favor de um ambiente saudável...

Todos os dias, a UNESCO, através dos seus programas e das suas ações no terreno, reafirma o seu compromisso original, consagrado no seu Ato Constitutivo: erguer os baluartes da paz no espírito das mulheres e dos homens. Líder da Década Internacional para a Aproximação das Culturas (2013-2022), a UNESCO investe-se totalmente no desenvolvimento de uma cultura de prevenção a nível mundial através da educação, da cooperação internacional e do diálogo intercultural.

O caminho para a paz é longo, mas cabe a todos e a cada um de nós influenciar o seu rumo ao comprometermo-nos, diariamente, em prol de uma sociedade mais inclusiva, mais tolerante e mais justa.

Audrey Azoulay

sábado, 15 de setembro de 2018

Divulgação da Mensagem da Diretora-Geral da UNESCO por ocasião do Dia Internacional da Democracia

democracia
Hoje, celebramos o Dia Internacional da Democracia. A democracia é um ideal que reconhece a todos os seres humanos igualdade de dignidade e as mesmas liberdades fundamentais: liberdade de pensar, liberdade religiosa, liberdade de expressão e liberdade de circulação.
Estes valores universais estão consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujo 70º aniversário festejamos este ano, e inspiram o Ato Constitutivo da UNESCO. A cultura, a educação, a ciência, a comunicação e a informação - que a UNESCO procura promover em todo o mundo - perdem a sua essência se não estiverem alicerçadas em valores universais ou se excluírem uma parte da Humanidade e não contribuírem para uma maior paz e justiça.
A democracia não é apenas um ideal moral, é também um princípio político e jurídico. A democracia organiza-se, constrói-se e consolida-se através da concessão de direitos políticos que permitem a participação na elaboração comum das leis e das instituições através de eleições livres e do sufrágio universal, através de mecanismos de controlo dos poderes próprios a um Estado de direito, através de uma imprensa livre e independente e, por fim, através de cidadãos ativos e de uma sociedade civil aberta e dinâmica. A UNESCO está assim particularmente envolvida na promoção da cidadania e trabalha em estreita colaboração com numerosos parceiros da sociedade civil.
Uma das características do espírito democrático é a convicção de que se obtém mais com o diálogo, a concertação e a mediação do que com a coerção e a arbitrariedade: em suma, que o direito tem que prevalecer sobre a força. O ideal democrático está indissociavelmente ligado a um compromisso de resolução pacífica dos conflitos e a uma aspiração à paz. A UNESCO ergue essa aspiração como um baluarte.
O ideal democrático insta-nos a trabalhar incessantemente em prol de mais igualdade, mais liberdade e mais justiça, do direito a uma educação de qualidade para todos, do direito à informação, do direito a condições de vida dignas, a um ambiente saudável, a um emprego decente… Neste sentido, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas consiste na ramificação desse ideal constantemente aprofundado em função dos novos desafios que vão surgindo a cada nova geração e que irão, certamente, manter-se neste início de século XXI.
Neste Dia Internacional façamos o ponto da situação sobre os avanços do ideal democrático no mundo e do respeito das liberdades e dos direitos fundamentais, especialmente este ano em que se celebra o aniversário da Declaração Universal. Juntos, mobilizemo-nos para que se cumpra a promessa de paz e de justiça inerente à democracia.
Audrey Azoulay

quinta-feira, 31 de maio de 2018

História Trágica Com Final Feliz - PNC




Livro com frames e intervenções dos alunos sobre a curta-metragem


 

 

 

 

 

 




Trabalho Realizado pela turma do 2.º A da EB da Cova da Piedade com a Professora Regina Lima e a professora de filosofia Isabel Santiago

terça-feira, 29 de maio de 2018

Ensaio de Leitura "Os dois lados" - Filosofia para Crianças


No âmbito da leitura e tratamento dos textos de Gonçalo M. Tavares sobre o Sr. Valéry, os alunos realizaram discussões com o texto e os seus núcleos lógicos através da performance e da representação. O que sente um corpo que tem que experimentar viver de acordo com a regra do pensamento ou que o pensamento se dá a si mesmo? No final da performance o aluno deixa as questões que surgiram numa das sessões de Filosofia para crianças. Foi mais um ensaio de leitura do Centro UNESCO do AEEN- Almada.



quinta-feira, 8 de março de 2018

Ensaios de Leitura





As atividades, em torno da leitura e ensaio de leitura de Fernando Pessoa ortónimo e heterónimo, promovidas pelo conjunto de professoras do grupo disciplinar de Português no dia 8 de março, dia do nascimento dos poetas no poeta merecem algumas palavras por parte da coordenadora da UNESCO.







A primeira dessas palavras é de agradecimento para com os que desenvolvem na escola atividades que implicam leitura e a partir dela imaginam um caminho de apropriação original que passa por fazer e estabelecer o que Maria Gabriela Llansol chamou «drama-poesia». Esse caminho ousado, de criar passagens entre géneros e criar movimentos de leitura apropriativa mais ativa do que meramente passiva, não podem não ser destacados depois do que se passou no dia 8 de março. Estendendo-se, desta forma, o agradecimento, aos alunos que disseram «sim» e tornaram esse assentimento uma presença que mudou a face de um dia normal de aulas na escola.

A segunda dessas palavras é de contentamento: as atividades do Centro UNESCO são as atividades dos docentes e dos alunos. O que se passou neste dia, com a apresentação nas salas de aula do drama pessoano ou com a exposição de vídeos e trabalhos dos alunos de 12.º ano, não pode deixar de impressionar positivamente os que trabalham, ensinando, os que aprendem e os que visitam a nossa escola. Se a frase já não tivesse um sentido esgotado, poderíamos dizer que a «poesia saiu à rua. Mas provavelmente aconteceu aqui algo de maior: ela tornou-se o que entrou no interior dos que vivem nesta comunidade, como se fosse e pudesse ser o que de facto também é, um respirar comum da humanidade que pensa a vida com o ritmo da palavra que desvela o mais fundo do humano. Neste sentido, toda a poesia é património da humanidade e ela deve invadir o mundo como se o mundo humano tivesse nela a sua mais funda possibilidade de ser dito. Se para Galileu a natureza estava escrita em linguagem matemática, a natureza humana pode ser entendida na linguagem da poesia. Assim o foi desde o início em todo a cultura e em todas as grandes civilizações.
O que aconteceu na escola neste dia é paradigmático do que está plasmado no perfil do aluno e mais ainda: foi a ritualização de um ato cultural e civilizacional que começa a ser raro assistir. Num tempo em que negamos pela sua inutilidade tudo o que fomos e somos, este dia foi o elogio da inutilidade que redime o homem de tudo o que consome e nos consome.

A terceira e última dessas palavras é de alegria. Apoiar uma atividade com esta dimensão, visibilidade e qualidade, no mês dos livros e com uma leitura de Fernando Pessoa, não podia senão deixar-me cheia de alegria pelo trabalho das colegas, dos alunos que continuam a fazer da escola o lugar humano de ensaio do sentido da vida.
Se a poesia é bela, esta atividade não o foi menos. Obrigada às colegas que tornaram este dia uma apologia da poesia, da beleza e interromperam a indiferenciação dos dias que cansam com a diferença que salva.
Centro UNESCO
Isabel Santiago

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Projeto My City, My Home, My Responsability


Um Projeto Internacional e Uma Memória Visual do Mundo a partir de Fernão Mendes Pinto
My City, My Home, My ResponsabilityChime e Centro UNESCO



A formação internacional Erasmus+, My City, My Home, My Responsability/Chime desenvolve-se em torno de valores da cidadania e, neste caso e, mais especificamente, de valores associados à memória da cidade e da sua exploração em vídeo em contexto de sala de aula e de aprendizagem.




O projeto, pelos valores que que aborda e pretende explorar, só poderia ser abraçado igualmente pelo Centro UNESCO. Essa convergência de objetivos da Formação My City, My Home, My Responsability com os objetivos da UNESCO relativos ao património e à cidadania traduz-se nos seguintes aspetos:
. Preservação do património material e imaterial da humanidade.
. Promoção de valores ligados à cidadania cuidadora, consciente, ativa, eticamente responsável.
. Desenvolvimento de uma relação de conhecimento entre o aluno e a cidade.
. Desenvolvimento de uma relação de memória entre o aluno e a cidade e os que nela viveram e criaram património.
. Criação de uma memória narrativa que continua o passado no futuro, combatendo o esquecimento e dando ao tempo a densidade significativa que a velocidade comunicativa retira.

No âmbito deste projeto cada grupo de escolas europeias vai apresentar um trabalho realizado pelos alunos, em vídeo, com concurso a decorrer na escola, sobre Fernão Mendes Pinto - um autor do concelho que viveu em Almada e partiu pelo mundo, muito mais mar do que terra, à procura do múrmurio outro do mundo, depois da Índia, mas ainda procurando em Português o que, depois na mesma língua de Camões, ficou registado como uma PEREGRINAÇÃO.

Nessa magna obra leu um mundo novo para a Europa e deixou-nos para ler as marcas e murmúrios dessa leitura, tão singular quanto rara, de uma distância que fomos tornando cada vez mais próxima. Acontece que se o mundo onde Fernão Mendes Pinto foi nos é cada vez mais próximo, a sua obra ficou paradoxalmente cada vez mais distante. Tentando combater essa distância que é esquecimento, os professores do Agrupamento da Emídio Navarro, aproveitando este projeto internacional a que o Centro UNESCO se associa, pretendem retormar a leitura dessa obra com apresentação em vídeo. Os alunos vencedores desta viagem, de memória e técnica, irão no final de março a Valência para partilhar o seu trabalho com os colegas da Roménia, da Grécia, da Turquia, de Itália e de Espanha.

Recorde-se que o projeto anual do Centro UNESCO é Ensaios de Leitura. Assim, este trabalho a desenvolver, no âmago deste projeto internacional, pode ser um ensaio de leitura de excertos da Peregrinação e torna, por meio do papel central da imagem-vídeo, essa leitura uma obra de imagens e memória nossa, da nossa cidade e uma leitura responsabilizante. Ser responsável é responder pelo que ainda nos fala de nós e do mundo e nos fala de uma maneira que já está esquecida. Aquele que fala do e com o esquecido é duplamente responsável, porque salva os mortos do passado e oferece ao presente o futuro que todo o texto, por ser universo de possibilidades, deixa diante de nós como chave que abre a opacidade da vida para o que estava diante e não se via.

«Enquanto a leitura for para nós a iniciadora cujas chaves mágicas nos abrem no fundo de nós próprios a porta das moradas onde não teríamos sabido penetrar, o seu papel na nossa vida é salutar. »                                                                          /Marcel Proust, Sobre a Leitura, p.51

Guia-nos, neste projeto e no Centro UNESCO, esta frase de Proust com que esperamos criar nos alunos um forte sentido de responsabilidade pelo passado comum e um sentido de urgência em quebrarmos este sonambulismo e funambulismo com que tornamos o presente sem espessura e as consciências sem memória e, por isso, impreparadas para a ação. Com efeito, só aquele que se sente só e uma ilha se sente impotente, inversamente, o aluno que tem um património de ideias dentro de si tem que responder pelo seu poder e pelo que pode a partir delas e com elas em busca da sua identidade.
Isabel Santiago
Fevereiro de 2018