quinta-feira, 8 de março de 2018

Ensaios de Leitura





As atividades, em torno da leitura e ensaio de leitura de Fernando Pessoa ortónimo e heterónimo, promovidas pelo conjunto de professoras do grupo disciplinar de Português no dia 8 de março, dia do nascimento dos poetas no poeta merecem algumas palavras por parte da coordenadora da UNESCO.







A primeira dessas palavras é de agradecimento para com os que desenvolvem na escola atividades que implicam leitura e a partir dela imaginam um caminho de apropriação original que passa por fazer e estabelecer o que Maria Gabriela Llansol chamou «drama-poesia». Esse caminho ousado, de criar passagens entre géneros e criar movimentos de leitura apropriativa mais ativa do que meramente passiva, não podem não ser destacados depois do que se passou no dia 8 de março. Estendendo-se, desta forma, o agradecimento, aos alunos que disseram «sim» e tornaram esse assentimento uma presença que mudou a face de um dia normal de aulas na escola.

A segunda dessas palavras é de contentamento: as atividades do Centro UNESCO são as atividades dos docentes e dos alunos. O que se passou neste dia, com a apresentação nas salas de aula do drama pessoano ou com a exposição de vídeos e trabalhos dos alunos de 12.º ano, não pode deixar de impressionar positivamente os que trabalham, ensinando, os que aprendem e os que visitam a nossa escola. Se a frase já não tivesse um sentido esgotado, poderíamos dizer que a «poesia saiu à rua. Mas provavelmente aconteceu aqui algo de maior: ela tornou-se o que entrou no interior dos que vivem nesta comunidade, como se fosse e pudesse ser o que de facto também é, um respirar comum da humanidade que pensa a vida com o ritmo da palavra que desvela o mais fundo do humano. Neste sentido, toda a poesia é património da humanidade e ela deve invadir o mundo como se o mundo humano tivesse nela a sua mais funda possibilidade de ser dito. Se para Galileu a natureza estava escrita em linguagem matemática, a natureza humana pode ser entendida na linguagem da poesia. Assim o foi desde o início em todo a cultura e em todas as grandes civilizações.
O que aconteceu na escola neste dia é paradigmático do que está plasmado no perfil do aluno e mais ainda: foi a ritualização de um ato cultural e civilizacional que começa a ser raro assistir. Num tempo em que negamos pela sua inutilidade tudo o que fomos e somos, este dia foi o elogio da inutilidade que redime o homem de tudo o que consome e nos consome.

A terceira e última dessas palavras é de alegria. Apoiar uma atividade com esta dimensão, visibilidade e qualidade, no mês dos livros e com uma leitura de Fernando Pessoa, não podia senão deixar-me cheia de alegria pelo trabalho das colegas, dos alunos que continuam a fazer da escola o lugar humano de ensaio do sentido da vida.
Se a poesia é bela, esta atividade não o foi menos. Obrigada às colegas que tornaram este dia uma apologia da poesia, da beleza e interromperam a indiferenciação dos dias que cansam com a diferença que salva.
Centro UNESCO
Isabel Santiago