segunda-feira, 20 de maio de 2019

Cinema P’ros da Casa - Plano Nacional de Cinema

Cinema P’ros da Casa é uma iniciativa pensada para dinamizar e incrementar partilhas verticais de ensino-aprendizagem no Agrupamento de Escolas Emídio Navarro. Pensámos, ao delimitar as atividades para o PNC (Plano Nacional de Cinema), que seria interessante fazer do cinema uma trave mestra dessas atividades. O objetivo foi levar a cabo sessões de cinema constantes no PNC aos alunos mais pequenos, sendo as mesmas dinamizadas, do ponto de vista pedagógico, por alunos de níveis de ensino mais avançado. A supervisão pedagógica é da responsabilidade de um docente do conselho de turma.
No passado dia 29 de março, a turma do 11.º CT2 foi dinamizar uma destas sessões à turma do 3.º A da Escola Básica n.º 3 da Cova da Piedade, da professora Regina Lima. Os alunos do secundário propuseram-se pensar o filme de Charlie Chaplin, O Imigrante. As razões para escolherem este filme prendem-se, naturalmente, com a necessidade de pensar a situação e ponto de cidadania em que cada um de nós, por ser europeu, se encontra. Com efeito, ser europeu significa hoje ter a condição de se ser emigrante e, ou receber imigrantes. O tema ainda interessou pelo facto de cada turma ter já imigrantes ou ter familiares emigrantes. Há ainda uma terceira razão que cabe à escola explorar como forma de combater a discriminação, o racismo e a xenofobia, a saber, a de mostrar como cada um é resultado de miscigenação, quer este dado biológico e histórico seja mais ou menos consciente. Apresentar este filme poderia fazer pensar quem somos, quantos somos dentro de cada um? Os alunos criaram uma seleção de imagens do filme associadas à agenda de discussão que, paralelamente, foi sendo criada. Os pequenos pensaram a partir de frames temas como o que é ser imigrante (?); como tratar os imigrantes (?); por que razão as regras devem ser universais e sem exceções (?); o que os torna bons e o que nos torna maus(?); o que nos torna iguais e diferentes(?).
Neste caderno de síntese deixamos os contributos que conseguimos apreender e que foram registados, mesmo quando a velocidade de pensamento e vertiginosa vontade de participar dos mais pequenos, nos ultrapassou e deixou sem resposta, ou capacidade para escrever o que foi pensado e discutido. Ao profissionalismo, empenho e cuidadosa atenção com os alunos do 11.º CT2, deixo a minha gratidão e, aos mais pequenos, com quem caminho há 3 anos deixo um sorriso de alegria por vê-los pensar tão ousadamente e com razões. Pode ser que existam mais viagens pelo cinema e pelo olhar do cinema, outras razões para pensar o humano e o que nos torna mais humanos. O cinema une e as imagens libertam, como abril, leituras mil, na expressão de uma professora que muito deixou a esta escola, a professora Ruth Navas. Cinema P’ros da Casa propõe-se desenvolver, para combater o cansaço dos dias e os mecanismos da rotina que nos entregam à morte do que pode ser mais original e criativo nos processos de ensino e aprendizagem, atividades das mil e umas leituras que há no movimento das imagens e das imagens em movimento. E, porque o pensamento é imagem, deixamos-vos estas que as palavras tentam guardar na película do tempo.
Isabel Santiago, professora de Filosofia/equipa do PNC

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