Pensar a Paz e a Guerra
De forma a dar continuidade a uma
experiência de celebração deste Dia Mundial, o Departamento de Filosofia do
Agrupamento de Escolas Emídio Navarro, escolheu o tema Guerra e Paz. O tema foi
escolhido por envolver valores em contraponto, valores que importa avaliar e
explorar para um melhor entendimento do mundo em que os alunos vivem. Por outro
lado, se a paz é um dos valores de referência da escola e desta em particular
por ser um Centro UNESCO, a guerra não pode ser esquecida, nem podemos e não
conseguimos, por muito grandes que sejam os esforços dos filósofos ao longo do
tempo por enfatizar argumentativamente a importância de valores, como a
tolerância e o respeito pelo outro e a sua consideração como pessoa e como ser
singular e cultural, , esquecer o mal que resulta da guerra.
Este ano escolhemos o tema e também o
apresentámos como tema-problema às crianças do nosso Agrupamento. A partir do
belo poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, A Paz sem Vencedor e sem Vencidos, pedimos uma reflexão sobre os dois
valores: guerra e paz. Como tarefa final, pedimos que cada uma contribuísse
para a construção de um poema. O resultado final é surpreendente. Os versos são
da responsabilidade dos alunos de uma turma do 3.º ano, a turma A, da Escola
dos Caranguejais, ou mais corretamente da Escola EB n.º 3 da Cova da Piedade. O que
não é da responsabilidade dos alunos é o arranjo dos versos que se organizaram
segundo um princípio de semelhança temática entre os mesmos à medida que os
alunos construíam o poema em voz alta.
Ao lê-lo, não podemos deixar de sentir
que há na voz do pensamento inocente aquela velha ideia da Filosofia que nos
diz que o bem é inato e está no coração dos homens, que o bem está no âmago da
vida e é primeiro e mais primordial do que o mal. Mas a questão que mais
perturba é pensar como pode uma criança sentir isto, saber isto com o
entusiasmo de um grito que não se pode silenciar, e os adultos não o gritarem
nem construírem uma narrativa consistente da paz na História da Humanidade.
Mais do que palavras e argumentos, e porque a poesia foi no Ocidente a primeira
forma consistente de pensar e deixar um legado ao futuro, deixamos à
consideração de todos e ao coração dos homens este poema realizado por crianças
de 8 anos de dedo no ar como um manifesto, com a força de quem acredita que os
gestos humanos podem ter uma dimensão universal.
Resposta a Sophia
Não se matem!
Não vão à guerra!
Não se tornem assassinos!
Não façam o mal!
Não usem armas!
Não façam a violência!
Não pratiquem terrorismo
Não matem e
Não culpem inocentes!
Não se destruam uns aos outros!
Não destruam os sonhos dos outros!
Na guerra há horror e morte, há escravos e império!
Há sangue!
Não há liberdade e não há justiça!
Ninguém é melhor do que ninguém!
Ajuda por isso o teu amigo e inimigo!
Façam a paz!
Façam a bondade!
Respeitem todos:
A cultura das pessoas e dos lugares!
Amem-se uns aos outros:
Espalhem carinho
Como quem espalha pólen!
Façam crescer a amizade como se faz crescer o bicho-da-seda:
Começa pequenina e acaba grande!
A paz é como a onda gigante
Que a todos acolhe no mesmo mar!
A paz liberta o nosso coração!
Construam a paz!
Esta é uma ordem para todos os homens e para todas as
mulheres!
Com a paz a vida fica melhor!
A paz é a ética!
Turma A do 3.º ano
8 de novembro de 2018
A
Coordenadora UNESCO
Isabel
Santiago
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