As atividades, em torno da leitura e ensaio de leitura de Fernando Pessoa ortónimo e heterónimo, promovidas pelo conjunto de professoras do grupo disciplinar de Português no dia 8 de março, dia do nascimento dos poetas no poeta merecem algumas palavras por parte da coordenadora da UNESCO.
A primeira dessas palavras é de
agradecimento para com os que desenvolvem na escola atividades que implicam
leitura e a partir dela imaginam um caminho de apropriação original que passa
por fazer e estabelecer o que Maria Gabriela Llansol chamou «drama-poesia».
Esse caminho ousado, de criar passagens entre géneros e criar movimentos de
leitura apropriativa mais ativa do que meramente passiva, não podem não ser
destacados depois do que se passou no dia 8 de março. Estendendo-se, desta
forma, o agradecimento, aos alunos que disseram «sim» e tornaram esse
assentimento uma presença que mudou a face de um dia normal de aulas na escola.
A segunda dessas palavras é de
contentamento: as atividades do Centro UNESCO são as atividades dos docentes e
dos alunos. O que se passou neste dia, com a apresentação nas salas de aula do
drama pessoano ou com a exposição de vídeos e trabalhos dos alunos de 12.º ano,
não pode deixar de impressionar positivamente os que trabalham, ensinando, os
que aprendem e os que visitam a nossa escola. Se a frase já não tivesse um
sentido esgotado, poderíamos dizer que a «poesia saiu à rua. Mas provavelmente
aconteceu aqui algo de maior: ela tornou-se o que entrou no interior dos que
vivem nesta comunidade, como se fosse e pudesse ser o que de facto também é, um
respirar comum da humanidade que pensa a vida com o ritmo da palavra que
desvela o mais fundo do humano. Neste sentido, toda a poesia é património da
humanidade e ela deve invadir o mundo como se o mundo humano tivesse nela a sua
mais funda possibilidade de ser dito. Se para Galileu a natureza estava escrita
em linguagem matemática, a natureza humana pode ser entendida na linguagem da
poesia. Assim o foi desde o início em todo a cultura e em todas as grandes
civilizações.
O que aconteceu na escola neste
dia é paradigmático do que está plasmado no perfil do aluno e mais ainda: foi a
ritualização de um ato cultural e civilizacional que começa a ser raro
assistir. Num tempo em que negamos pela sua inutilidade tudo o que fomos e
somos, este dia foi o elogio da inutilidade que redime o homem de tudo o que
consome e nos consome.
A terceira e última dessas
palavras é de alegria. Apoiar uma atividade com esta dimensão, visibilidade e
qualidade, no mês dos livros e com uma leitura de Fernando Pessoa, não podia
senão deixar-me cheia de alegria pelo trabalho das colegas, dos alunos que
continuam a fazer da escola o lugar humano de ensaio do sentido da vida.
Se a poesia é bela, esta
atividade não o foi menos. Obrigada às colegas que tornaram este dia uma
apologia da poesia, da beleza e interromperam a indiferenciação dos dias que
cansam com a diferença que salva.
Centro UNESCO
Isabel Santiago
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