segunda-feira, 6 de maio de 2019

Comemoração do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto - PNC A Vida é Bela, de Roberto Benigni











«Para evocar as vítimas do Holocausto, já depois do dia 27 de janeiro de 2019, os alunos do 8.º ano, do Agrupamento de Escolas Emídio Navarro, visionaram o filme do Plano Nacional de Cinema, A Vida é Bela, de Roberto Benigni. Considerou-se ajustado pensar esse acontecimento histórico na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento/Oficina de Cidadania, por várias razões pedagógicas e como exercício prático de cidadania. Com efeito, esse acontecimento passado configura-se, outra vez, como um acontecimento presente e recebemos notícias preocupantes de pedidos de ajuda de judeus em fuga do Reino Unido onde são vítimas de perseguição e ódio. O acontecimento tem 70 anos e, 70 anos depois continua, como se de um incêndio se tratasse, com frentes de destruição ativas no cenário político da Europa. Não é assim de estranhar que uma Escola Centro UNESCO se debruçasse sobre o papel dos campos de concentração e desencadeasse mecanismos de reflexão crítica sobre o seu significado político, ético e humano para serem expressas, de forma clara e inequívoca, razões pelas quais não os desejamos e a nossa cidadania, livre e consciente, os recusa.




Após o visionamento do filme os alunos foram levados a pensar, com a ajuda dos seus professores, argumentos de natureza política e ética que justificassem, com razões, o porquê de não dever haver campos de concentração. O resultado dessa reflexão apresenta-se sob a forma de postais criados por eles e nos quais encontramos elencadas razões de cidadania e razões que, por serem de cidadania, recolocam a tónica da sua recusa na fundamental necessidade de pensar o humano com DIGNIDADE e RESPEITO, recusando todas as formas totalitárias e nacionalistas-populistas que põem em causa aqueles valores universais. De uma forma mais profunda pensamos criar pontos de alerta cívica nos nossos alunos que, nesta fase do seu desenvolvimento, devem começar a pensar que, contra a intolerância, a desumanidade, o racismo, a xenofobia, não pode haver indiferença ou a falsa tolerância de pensar que todas as posições são eticamente equivalentes. Pensamos que, com este exercício pedagógico de pensar a vida política a partir de um filme que explora as consequências da política concentracionária na vida de uma família, se criaria, nos nossos jovens de 13 anos, um rastro interior e pessoal de maior consciência contra todas as formas de indignidade e todos os estilos políticos menos democráticos. Pretendeu-se duplicar o seu olhar sensível – porque um filme é uma matéria que desperta a sensibilidade – num olhar mais inteligível ou reflexivo sobre este tema e este problema: pode o poder político decidir da vida e da morte dos seus cidadãos? Que limites devem ser colocados para se pensar a nossa vida com os outros? 
Depois de recebermos os postais dos nossos alunos não pudemos deixar de acalentar a renovada esperança de que educar é o único caminho para que se evitem produzir afirmações como estas últimas que transcrevemos. Não se pode governar a partir da insensibilidade ética, não se pode governar, fazendo dos outros meios para fins políticos de autoafirmação e bélicos, não se pode governar para reeducar opções individuais e expressão livre do que se é, não se pode governar para destruir no outro naquilo que cada um é. Ao ler os postais pensamos poder afirmar que os nossos alunos, com 13 anos, sabem que qualquer ser humano tem direito à sua dimensão psicológica, social, moral e espiritual e nunca afirmarão que «nada têm para refletir» a partir de uma ordem dada. Porque eles devem sempre valorizar a pensar sobre o obedecer, porque devem sempre lembrar que «não é o trabalho que liberta», são os campos de concentração, lugares de morte, a que dizemos NÃO.


Centro UNESCO 
em colaboração com todos os docentes de Cidadania e Desenvolvimento e Oficinas de Cidadania 
fevereiro-abril de 2019

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